Hemopa é referência no suporte para realização de transplantes renal e de medula óssea no Pará

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Ana Luiza Monte tem 15anos (no centro da foto acima. Rodeada pelos pais e irmã) e uma vida de adolescente como outra qualquer, cheia de vaidades e diversão. Mas nem sempre foi assim. Aos 11 meses de vida, ela foi diagnosticada com Anemia Falciforme, uma doença crônica do sangue que causa obstruções vasculares. Como sintomas, palidez, inchaço e muitas dores nos ossos e articulações. O tratamento é intenso para uma criança e a cura, apenas com transplante de medula óssea.

“Nós morávamos em Bragança. Tivemos que nos mudar para Belém para fazer o acompanhamento no Hemopa. Passamos por momentos bem complicados. Ana Luiza teve que fazer duas cirurgias, retirou baço e vesícula”, conta Elizângela Monteiro, mãe da adolescente.

Os profissionais da Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia do Pará (Hemopa) começaram a acompanhar a Ana Luiza e toda a família, e a investigar a probabilidade de fazer o transplante de medula óssea. A salvação estava bem pertinho. Maria Luana, a irmã mais velha de Ana Luiza e saudável, fez os testes de compatibilidade de medula óssea no Laboratório de Imunogenética da Fundação Hemopa. O resultado deu 100% de compatibilidade.

“Este é um caso que podemos considerar raro. A chance de ter uma compatibilidade entre irmãos é de 25%, a cada gravidez da mãe. E a Ana Luiza teve a sorte de a única irmã entrar nesta estatística e ser 100% compatível. É o que chamamos de probabilidade genética que deu certo!”, destacou a médica pediatra e hematologista, Saide Maria Sarmento Trindade, coordenadora de Atendimento Ambulatorial (Coamb) do Hemopa.

No dia 30 de janeiro de 2015, o transplante foi realizado, em Ribeirão Preto, São Paulo. “Hoje Ana Luiza está super bem graças ao meu bom Deus. O Hemopa foi o centro de tudo nas nossas vidas. A Dra. Saide é uma excelente profissional junto com a equipe que nos deu toda a assistência necessária para o transplante”, destacou Elizangela Monteiro.

Em Belém, a Família Monteiro comemorando o dom da vida.

“Eu agradeço muito a minha irmã por ter mudado minha vida. A sensação de não sentir mais dor, de não ter que passar várias noites no hospital e poder recomeçar uma vida nova sem dores e sem doença é muito bom!”, disse aliviada, Ana Luiza que está totalmente curada da anemia falciforme.

A Fundação Hemopa faz o acompanhamento de 5 pacientes paraenses, de anemia falciforme que encontraram doadores compatíveis e já realizaram o transplante de medula óssea. Atualmente, outros 4 pacientes estão em São Paulo em início de procedimentos para o transplante.

“O Hemopa é referência no estado do Pará e buscamos sempre o melhor atendimento para nossos pacientes. Seguimos todos os protocolos de atendimento, em nível de Ministério da Saúde (MS), com uma equipe multiprofissional que tem como objetivo manter a qualidade de vida de cada paciente”, destacou Dra. Saide.

O Hemopa já registrou mais de 130 mil doadores no Redome.

O Registro Nacional de Doadores de Medula (Redome), que fica no Instituto Nacional de Cãncer (Inca), no Rio Janeiro, atualmente possui 4.989.082 doadores voluntários cadastrados, dos quais cerca de 350 mil pertencem a Região Norte. O Hemopa já enviou mais de 130 mil registros feitos em todo Pará. E atualmente, 257 pacientes esperam por um doador compatível.

O Redome é consultado todas as vezes que um paciente está em busca de um doador compatível não aparentado.

Laboratório de Imunogenética do Hemopa

Desde 2001, a Fundação Hemopa é a única instituição no Pará que realiza testes de compatibilidade para transplantes renal e de medula óssea. O Laboratório de Imunogenética realiza exames pré transplante, como as tipagens do antígeno leucocitário humano (HLA) e as provas cruzadas de citotoxicidade entre pacientes receptores e possíveis doadores, e os exames de monitoramento pré e pós transplante, Painel de Reatividade de Anticorpos (PRA).

“Essa avaliação imunológica e genética permite que o transplante seja realizado com maior segurança, reduzindo a incidência ou evitando os casos de rejeições hiperaguda e aguda no período pós transplante e, desta forma, garante melhor qualidade de vida aos pacientes, visto que o acompanhamento clínico e a dosagem dos medicamentos poderão ser ajustados conforme os resultados dos exames”, explica Patrícia Mattos, gerente de Imunogenética.

Desde seu estabelecimento, o Laboratório de Imunogenética do Hemopa já liberou 106.269 tipagens de HLA de doadores e propiciou a realização de uma série de transplantes renais e de medula óssea.

José Haroldo Nascimento, de 64 anos, passou por um transplante de rim, em junho do ano passado. A doadora foi sua esposa, Rosalia Nascimento, de 63 anos. Os dois fizeram o acompanhamento com a equipe do Hemopa para investigar a compatibilidade.

O casal, Rosalia e José Haroldo, prestes a realizar a cirurgia de transplante de rim.

“O meu marido já estava sofrendo há um ano e meio com a hemodiálise e eu sentia que o tempo estava se esgotando. Mas a equipe do Hemopa fez os testes e exames em um tempo muito rápido. Em seis meses já sabíamos que eu poderia ser a doadora do rim. A doença não espera e por isso o Hemopa foi muito importante pra gente”, conta Rosalia.

No dia 20 de junho do de 2018, o casal entrou em sala de cirurgia de um Hospital particular em Belém. Quando saiu, José Haroldo tinha conquistado mais que o coração da amada companheira. “Quando eu conto, as pessoas dizem que parece história de novela, mas é vida real. Eu costumo dizer que ganhei na loteria. Eu sinto toda a felicidade do mundo agora”, revela José Haroldo.

Uma cumplicidade que vai além do amor.

Seu José Haroldo voltou a trabalhar, normalmente, há alguns meses como engenheiro numa empresa particular, em Belém. Esta é mais uma prova de que um ato de amor e generosidade renova a esperança de vida.